Bom, atendendo a pedidos de algumas amigas da época de facul ou melhor, do sufoco no período de elaboração da monografia..resolvi publicar esse texto, rsrsrs..vocês lembram???
Chama-se: ROTINA DE BICHO
Chama-se: ROTINA DE BICHO
Acordar atrasado, sair correndo, pegar ônibus lotado com gente melada de suor, brigar para chegar à porta na hora de ficar e descer empurrado.Tomar cafezinho na cantina do ICHL, entrar em sala assustado e sorrir desconfiado. Viajar durante a aula e repetir o que o mestre diz fingindo que está ligado.Furar a fila do RU (Restaurante Universitário) e não saber o que fazer com prato, copo, talheres, chocolate nas mãos e ainda, escolher o melhor chinelão* pra não sair no prejuízo. Depois procurar até encontrar a bolsa no meio de tantas outras no armário do restaurante.
Jogar conversa fora com os amigos enquanto a ansiedade não passa antes daquela puta aula de análise, na qual teremos que agüentar o “marrento” do Cardoso a nos encher o saco com aquelas “estorinhas” chatas e completamente sem graça, mais ainda ter que sorrir e fingir que o adora pra não correr o risco de ficar marcado no próximo trabalho...
Entender um pouco de tudo e de tudo um pouco. Não ser contra nem a favor, muito pelo contrário. Não aceitar isso ou aquilo de maneira nenhuma, porém, para o bem de todos balançar a cabeça e dizer que sim.
Irritar-se com alguns colegas de turma, achando-os antipáticos e insuportáveis, porém sentir sua falta, principalmente quando precisa de gente para protestar contra as aulas de custos, um tanto quanto sem sentido...
Dizer que não está nem aí se não passar na prova, mas, ao final do período correr feito louco ao departamento para contar os pontinhos e se desesperar diante do fracasso.
Ter que elaborar um projeto de pesquisa através de um conhecimento vulgar (não comum), e científico meramente sensitivos. Não se estressar se não entender. Basta pensar, escolher um tema, ler um Heindemberg e tentar justificar. Da mesma forma, que a nódoa de castanha de caju que nunca larga o chão dos corredores da facul, apesar da varredura que há.
Nos intervalos, cortar caminho pelas salas e ir à biblioteca pegar alguns livros que possam auxiliar de maneira mais sensata a famosa “enrolation”, a fim de entregar o bendito relatório com vinte páginas finais e torcer para voltar com pelo menos quinze certas.
Ou então, ler pedaços de livros para apresentar relatórios, seminários e outras “miguelagens”...ou ainda, tentar “cochilar” no chão das salinhas de estudos para amenizar as noites mal dormidas enquanto os colegas conversam sobre o tão esperado dia para defender a porra da monografia...apesar de pegar uma bela gastrite por conta de todo o corre-corre e stress que essa intitulada “rotina de bicho” está nos causando.
Ficar pensando todo o dia em trancar, desistir, mas nunca ter coragem de parar. Saber que é assim mesmo, que só teve dia para entrar.
E ao final de todo o sufoco, descobrir que mesmo os mestres detestados durante todo o curso contribuíram de alguma forma para nosso crescimento intelectual, mesmo que seja para não seguir o mesmo exemplo.
Nunca ficar triste, desolado ou desanimado. Estar consciente de que, se num dia só, é possível fazer tudo isso, também é possível um dia se encontrar.
* chinelão – nome dado ao frango empanado que era servido na cantina do restaurante.
Putz...ao ler novamente esse texto antes de publicá-lo, consegui relembrar tudo o que passei nesse período...sufoco total! E desculpem-me pelos palavrões..é que nesse dia eu precisava desabafar!
♪ Leve Desespero – CAPITAL INICIAL (música que embalava aquela época).
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